quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Órfão, candidato cego fará o Enem para realizar sonho de ser advogado


No Piauí, candidatos com deficiência visual se preparam para as provas.
Entidade filantrópica desenvolve trabalhos de inclusão dos cegos.

José de Jesus perdeu a visão quando tinha 9 anos, um ano após a morte da mãe (Foto: Gustavo Almeida/G1)

Mais de 169 mil estudantes devem fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em condições especiais no próximo mês em todo o país. Um deles é José de Jesus, 29 anos, natural do município de União, a 59 km de Teresina, Norte do Piauí. Há cinco anos ele deixou a comunidade Terra Vermelha, na zona rural, e veio para Teresina estudar braile na escola da Associação dos Cegos do Estado do Piauí (Acep). José sonha em ser advogado.


José de Jesus frequenta uma escola pública da capital piauiense e à tarde participa das aulas de braile na Acep. Ele perdeu a visão quando tinha nove anos, um ano após a morte da mãe. Dez anos mais tarde ele também perderia o pai e passou a morar com a avó, mas somente em 2009 mudou-se para Teresina com o objetivo de estudar.

    

Estudante tem aulas de braile para reforçar estudos (Foto: Gustavo Almeida/G1)Estudante tem aulas de braile para reforçar estudos
(Foto: Gustavo Almeida/G1)

Ele conta que o problema visual é hereditário. “É de família, muitos parentes meus têm deficiência visual”, disse o jovem. Somente após ter vindo para Teresina é que José aprendeu a ler, porque na cidade natal não tinha ensino especializado. Faltando poucos dias para o Enem, ele afirma que está se preparando para a prova, que será feita com o auxílio de um ledor (transcritor de braile). “Uma prova de 90 questões em braile seria complicado, então é melhor com o ledor”, explicou.

Essa é a segunda vez que ele fará o Enem, mesmo assim confessa que teme a grande concorrência. “Nas questões de matemática é muito complicado para um deficiente visual”, disse. Perguntado sobre qual profissão pretende seguir, ele afirma que deseja ser advogado e quer continuar morando em Teresina. “Aqui é onde tem as melhores oportunidades. Lá [em União] as coisas são mais difíceis”, pontuou.

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