DO G1-SC
No dia 17 de abril, Maristela Stringhini voltou a andar de moto em Rio do Sul,
no Vale do Itajaí. Há pouco mais de um ano, depois do mesmo evento, um
acidente de trânsito mudou a vida dela. Em 2014, a moradora de Lages, na Serra, foi arrastada por cerca de 800 metros embaixo de uma picape.
Agora, aos 41 anos, Maristela participou da edição 2015 do evento de
motociclismo na cidade. Com um "aperto no coração", ela subiu pela
primeira vez na garupa de uma moto, depois do que aconteceu em 13 de
abril do ano passado.
Na madrugada daquele dia,
ela estava em uma moto com o noivo, quando Julio César Leandro, de 21
anos, motorista de uma Saveiro, desviou subitamente do veículo deles e
subiu em uma calçada.
De acordo com a denúncia oficial
expedida pelo Ministério Público, o noivo de Maristela aproximou a moto
do carro e repreendeu o motorista. Ofendido, o condutor do automóvel
bateu na traseira da moto intencionalmente e casal caiu.
A picape passou por cima de Maristela e o capacete dela ficou preso na
parte inferior do veículo. Ele a arrastou por cerca de 800 metros e a
deixou mutilada. Ela perdeu os dois seios por causa da fricção com o
assalto, teve queimaduras graves em várias partes do corpo, sofreu
fratura exposta nos joelhos e em um dos braços; e em outras partes teve
dilaceração da pele.
Ferimentos
Depois do que aconteceu, Maristela precisou ficar 93 dias
no Hospital Regional Alto Vale, em Rio do Sul. Mesmo deixando a
unidade, ela precisou voltar outras 55 vezes, destas, cinco para se
consultar com o médico e as demais para realizar cirurgias.
Um ano depois, ela segue tratando da saúde. "Perdi 50% do movimento da
mão esquerda, estou com várias manchas no corpo, várias cicatrizes",
relata. As cirurgias não cessaram. Na próxima semana, a moradora de
Lages, na Serra, irá a Rio do Sul novamente para tirar uma "cicatriz
grossa do implante de pele". Ela também colocou próteses nos seios.
Os ferimentos a impedem de desenvolver algumas atividades. "Não posso
fazer academia, ficar muito tempo em pé", explica. Por causa do
acidente, Maristela diz que não pode mais trabalhar.
"Por causa do implante de pele, eu não posso erguer os braços. Com a
restrição do movimento da mão, o laudo dos médicos é de que eu não estou
apta a trabalhar. Tô em casa, tento levar uma vida normal. Mas preciso
de empregada, não consigo segurar a louça direito para lavar", conta.
Alto astral
Apesar das dificuldades, ela procura o lado positivo da situação. "Só
tenho que agradecer a Deus e ao meu médico por eu estar viva". Essa é
uma característica que Maristela sempre apresentou, desde o tempo em que estava no hospital.
"Eu tento me autoajudar. Faz um ano que não consigo dormir. Não
adianta, tu deita, tu pensa. Não é fácil superar. Tô tentando não tomar
nenhum remédio, tô tentando partir para o alto astral. Tu te olhas no
espelho e vê que o corpo não é mais o mesmo", desabafa.
Maristela sempre cita a importância do apoio da família no processo de
recuperação. "Tenho meu marido do meu lado que sempre me apoia, a minha
família, isso é tudo. Olho para a minha filha, não tem como se deixar
abater. O pior já passou. Voltar atrás, não volta. Vou ter que aprender a
conviver com isso".
Novos amigos
Maristela destaca que, nesse período, passou a receber o afeto vindo de
pessoas que ela sequer conhecia. "Do Brasil todo, Rio do Sul e região.
Eu digo que se não fosse pela corrente de oração que eles fizeram, eu
não teria vencido. Eu devo um pouquinho da minha vida para cada um. Até
hoje, é surpreendente o carinho que as pessoas têm comigo, me têm como
uma referência de batalha, de superação mesmo", orgulha-se.
"Fiz muita amizade, muita mesmo", conta. Algumas dessas pessoas, ela
encontrou pessoalmente. Outras conversam com ela com frequência nas
redes sociais. "Me chamam direto para perguntar como eu estou".
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