quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Entendendo o TDAH: Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade

Dr. Ana Escobar do G1


Ao longo da semana passada todos puderam ver as imagens de um segurança de uma escola americana algemando pelas costas um menino de 8 anos com TDAH, porque “não parava quieto”. As imagens chocaram. Por várias razões. Tanto pela agressividade injustificada do ato em si, mas também pela demonstração explícita da mais elevada ignorância.
O segurança energúmeno extrapolou todos os limites do conhecimento científico. Trabalhando em uma escola, com crianças pequenas, isso é absolutamente injustificável. Veja como é fácil entender.
Alguém poderia imaginar um segurança algemando uma criança com crise de asma e dizendo para ela simplesmente “parar de chiar”? Como se as algemas tivessem o poder mágico de interferir na constituição genética das pessoas!!!

Simples assim. O TDAH tem uma forte predisposição genética. Isso significa que não há ainda um único gene responsabilizado como causa. Estudos demonstram que muito certamente vários genes podem estar envolvidos, associados a condições ambientais multifatoriais. Familiares de portadores são de 2 a 10 vezes mais acometidos que a população geral.

Fato é que estes genes determinam uma alteração na liberação e captação de neurotransmissores (principalmente noradrenalina e dopamina) na região frontal e suas conexões com o cérebro, transtornando as informações entre as células nervosas, que são os neurônios. Resultado: os comandos de inibição de comportamentos impulsivos ficam prejudicados. Por isso as crianças “não param quietas” e perdem sua capacidade de prestar atenção, de autocontrole, de memória, de planejamento e de organização. 
Algemas “curam” a liberação geneticamente determinada de neurotransmissores? Óbvio que não. Alguém que avise urgentemente isso ao segurança.

Existe tratamento? Sim. E é muito eficaz. Principalmente quando executado por todos os que cercam as crianças com TDAH. Isso quer dizer pais, amigos, familiares, educadores e quem não é nada disso mas está próximo a uma criança portadora, como um segurança de escola, por exemplo.
A ignorância pode ser a pior e a mais letal arma de agressão.

Crédito da imagem: Reprodução/TV Globo

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