"Desde pequeno, meu sonho é ser promotor de Justiça. Com o passar do
tempo, fui tendo noção do sonho e fui seguindo passo a passo". Cristian
Emanoel, natural da Bahia, é deficiente visual e tem paralisia cerebral.
Apesar de todas as dificuldades físicas, o jovem conseguiu se formar em
direito em uma universidade privada de Natal neste fim de semana.
Cristian disse que só conseguiu estudar por causa da ajuda de uma pessoa
especial: sua mãe, que acompanhava as aulas e também se formou.
Nilda de Oliveira e Silva, mãe de Cristian, trabalhava de manhã e
acompanhava o filho nas aulas durante a noite, mas acabou se
matriculando e também se formou. "Era difícil acordar às 5 horas da
manhã para sair, fazer o café e trabalhar. Sentar para estudar a tarde
ou fazer estágio. Às vezes eu dormia na sala, mas a determinação dele
era tão grande que eu estava cansada, mas não pensava em desistir.
Pensava em continuar, pedia forças para continuar. Passei na primeira
fase [da prova da OAB], infelizmente não passei na segunda fase. Mas o
importante foi ele passar", disse Nilda.
Ela disse que o filho nasceu prematuro, no quinto mês de gestação. Os
médicos pensaram que Cristian tinha morrido. "Tinha momentos que ele
tinha paradas respiratórias e o médico falou que ele já tinha morrido.
Eu pedi a Deus, a Jesus, com muita fé, que desse vida para Cristian.
Quando eu abri os olhos, ele já estava voltando à cor normal", relatou.
O filho de Nilda estava vivo, mas teria que conviver com algumas
limitações. Com poucos meses de vida, Cristian perdeu a visão e, devido à
paralisia cerebral, tem dificuldade de locomoção. "Uma médica disse
'mãe, teu filho tem potencial. Cuida do potencial dele'. Foi aí que
esqueci que Cristian é cego, esqueci que ele tem paralisia cerebral e
passei a investir nos estudos", disse.
Aos seis anos, Cristian já sabia o que queria fazer. "Desde pequeno,
meu sonho é ser promotor de Justiça. Com o passar do tempo, fui tendo
noção do sonho e fui seguindo passo a passo até chegar aqui", disse o
jovem. Em fevereiro de 2011, ele ingressou no curso de direito de uma
universidade particular da capital potiguar. Apesar das
responsabilidades, a mãe de Cristian também conseguiu se formar.
Cristian reconhece o apoio da mãe. "Agradeço a ela porque ela foi e é
uma verdadeira heroína. Se não fosse por ela, eu digo que dificilmente
estaria aqui. Acredito que não estaria". O jovem quer estudar para o
concurso de promotor. "Tenho outros dois grandes sonhos, além de ser
promotor de Justiça. Quero, um dia, voltar a caminhar e a enxergar.
Tenho certeza que conseguirei".
(Veja entrevista ao Bom Dia RN)
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