Exames realizados nos últimos meses
mostram que algumas crianças estão se desenvolvendo na barriga das mães
e nascendo com o tamanho do crânio normal, mas, na verdade, a cabeça
está com mais liquido do que cérebro. Por isso, problemas de atrofia cerebral, possivelmente relacionados a infecção pelo vírus da zika, estão sendo caracterizados como uma síndrome congênita do vírus da zika e não apenas pelo termo microcefalia.
Segundo a pesquisadora e médica
paraibana especialista em medicina fetal Adriana Melo, que está a frente
de um estudo sobre a relação entre o vírus da zika e a malformação
cerebral em bebês, o fato de algumas crianças atingirem o tamanho da
cabeça dentro dos padrões considerados normais está fazendo com que o
problema da atrofia cerebral seja aparentemente escondido.
Ela
diz que o critério de medir a circunferência da cabeça criança não é
suficiente, pois os bebês podem nascer com o tamanho normal e sofrer de
atrofia cerebral. Atualmente o Ministério da Saúde considera
microcefalia quando a criança nasce com menos de 32 centímetros de perímetro cefálico.
“Desde
o começo nosso grupo de pesquisa concordou que não fosse usado esse
termo microcefalia. A microcefalia significa atrofia cerebral, então o
crânio não cresce porque o cérebro fica pequeno. Entretanto, às vezes o
crânio pode crescer se dentro da cabeça houver mais liquido, como tem
ocorrido agora”, ressalta a pesquisadora.
Somente
na semana passada, três crianças acompanhadas pela médica paraibana
morreram após nascerem com o cérebro atrofiado. Duas delas tinham o
tamanho da cabeça normal e uma tinha microcefalia. A Secretaria de Saúde
do município de Campina Grande, no Agreste da Paraíba, onde Adriana
atua, está fazendo um levantamento de crianças que nasceram com a cabeça
no tamanho considerado normal, mas que sofrem da atrofia.
A preocupação maior da médica
paraibana é que o fato das cabeças dos bebês estarem atingido o tamanho
normal está criando uma expectativa nas gestantes, mas o problema
continua. “Isso preocupa porque a mãe cria uma expectativa de que está
tudo bem, porque a cabeça que estava pequena começa a crescer, atingido
os 32 centímetros, mas não é bem isso. A atrofia cerebral continua, mas o
tamanho da cabeça foi compensada por liquido”, explica Adriana Melo.
Ainda
segundo a pesquisadora, os casos estão sendo investigados não pelo
tamanho da cabeça, mas pelas alterações que estão sendo percebidas no
cerebelo, dilatação dos ventrículos cerebrais e calcificações do corpo.
“O que temos é uma síndrome congênita que independe do tamanho da
cabeça. Essa atrofia no cérebro pode gerar outros problemas como
atrogripose, malformação nos músculos a incapacidade das atividades
motoras. Tudo isso ainda exige muito estudo e as respostas podem demorar
anos para serem encontradas”, frisa Adriana Melo.
Fonte-G1 Paraíba
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