Pesquisadora Constância Ayres estuda transmissão do zika por pernilongo (Foto: Bruno Marinho/G1)
A facilidade de disseminação do vírus da zika em mosquitos culex
contaminados em laboratório foi confirmada nesta quarta-feira (2) pela
pesquisadora Constância Ayres, do projeto de vetores da instituição
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco.
“Isso significa que, em laboratório, o vírus conseguiu escapar de
algumas barreiras no mosquito e chegou à glândula salivar”, explica a
pesquisadora. O culex é o mosquito comum, popularmente conhecido como
muriçoca ou pernilongo.
Durante o segundo dia do workshop A, B, C, D, E do vírus Zika, realizado no Recife,
a bióloga apresentou os resultados preliminares da investigação que
mostram a disseminação do vírus para a glândula salivar do mosquito, por
onde aconteceria a transmissão da doença para humanos.
Após realizar três infecções em cerca de 200 mosquitos culex (as duas
primeiras em dezembro do ano passado e a terceira em fevereiro), a
pesquisa mostra a competência vetorial do pernilongo em laboratório.
pois ainda não é possível afirmar se o pernilongo é capaz de
transmitir o vírus da zika para as pessoas. “Para concluir isso, falta
identificar em campo a espécie de mosquito infectada com o vírus da
zika”, ressalta a bióloga.
O que os pesquisadores sabem é que é preciso avançar nos estudos e
checar se os mosquitos comuns, encontrados nas áreas onde o vírus
circula, estão contaminados. De acordo com Constância Ayres, a próxima
etapa da investigação consiste em analisar o material de campo que está
sendo coletado.
“Nas casas e onde acontecem registros de caso de zika estão sendo
coletados mosquitos das duas espécies (Aedes aegypti e culex). Trazemos
esse material para o laboratório e fazemos os testes moleculares para
detectar o vírus nessas espécies. Tendo realizada uma grande quantidade
de amostras, poderemos ter uma ideia se o Aedes é o vetor exclusivo, se
existem outros vetores e qual a importância de cada um no papel da
transmissão”, afirma.
Serão necessários de 6 a 8 meses para a pesquisa chegar a uma
conclusão. “Ainda vai levar um tempo para termos o resultado final. O
ideal é analisar o maior número possível de mosquitos, em torno de 10
mil, para ter uma ideia da dispersão, comparar diferentes bairros e ver
se coincide com os casos da doença de zika e microcefalia”, finalizou.
Fonte-G1 PE
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