As auxiliares de enfermagem Érica de Almeida Oliveira e Rosemeire
Antônia Lopes dos Santos, funcionárias do Ambulatório Médico de
Especialidades (AME) em Itapeva (SP), se tornaram “tradutoras” da Língua
Brasileira de Sinais (Libras) ao acompanharem o pré-natal da jovem
Gleiciele de Oliveira Leminschka, de 22 anos. Moradora de Apiaí (SP) e
portadora de deficiência auditiva, a grávida de gêmeos buscou
atendimento em Itapeva, a 120 quilômetros da cidade de onde mora, para
conseguir acompanhamento de pré-natal com Libras. Para a família, foi
importante encontrar profissionais que soubessem a linguagem dos sinais.
“Ajudou demais as profissionais saberem Libras desde a fase inicial da
gestação da minha filha. Em todos os momentos, elas demonstraram
interesse em aprimorar a linguagem. Isso nos ajudava a nos comunicar com
o médico e elas nos davam muitas explicações durante essa fase”, afirma
a mãe da Gleiciele, Vanda Gonçalves.
De acordo com a mãe da gestante, o comprometimento das profissionais
tornava as idas ao hospital em uma “festa”. “O dia em que íamos ao
hospital em Itapeva era uma festa. Elas sempre diziam: ‘quando vocês
vierem avisem que nós vamos cuidar de tudo’. Era uma alegria para o
pessoal”, revela.
As profissionais
Em entrevista ao G1, Érica contou que aprendeu Libras
há anos, após aprender o alfabeto e fazer um curso. Já Rosemeire teve
aulas sobre a linguagem o ano passado durante o curso de Pedagogia que
atualmente estuda. Para elas, foi importante aprender a linguagem dos
surdos e mudos para poderem ajudá-los quando forem atendidos no AME.
“É difícil atender quem é surdo, porque ninguém consegue se comunicar
direito. Contudo, por meio dos gestos, eu consigo explicar para a
paciente o que o médico está falando, conforme os resultados dos exames
saem. Então, é muito importante para nós sabermos essa linguagem. Assim
conseguimos ajudá-los", afirma Érica.
Apesar das dificuldades iniciais para aprender Libras, Rosemeire, que é
auxiliar de enfermagem há 11 anos, ressalta que a língua não é difícil.
“Tudo depende se há uma motivação para falar e se há um objetivo.
Aprender por aprender talvez não fique na memória, mas, como eu tenho
essa necessidade de conversar com os pacientes, ficou mais fácil. A
Gleiciele não foi a única deficiente auditiva que já atendi. Sempre vem
alguém com deficiência aqui no AME”, conta.
Segundo Rosemeire, foi gratificante quando ela e a colega de trabalha
comunicaram o sexo dos bebês. “Estávamos na sala e conseguimos falar
para ela qual era o sexo dos bebês. Em seguida, vimos ela sentir a
vibração do coração dos filhos ao colocar a mão na barriga. Foi muito
gratificante ver o que estava acontecendo”, destaca.
Nascimento
As crianças de Gleiciele nasceram no mesmo dia do aniversário da
gestante, em 19 de abril. João Victor Lima Leminschka, de 3 quilos, e
Ana Victória Lima Leminschka, de 2,5 quilos, vieram ao mundo com saúde.
Segundo a avó, Vanda Gonçalves, a família passa bem e já está na casa.
Depois do esforço em ajudar, Vanda salienta que a relação da família
com as auxiliares se tornou um vínculo de amizade. “Elas ainda não
viram as crianças pessoalmente, só por fotos. Mas, daqui algum tempo,
vamos marcar esse encontro com toda a certeza. Elas também fazem parte
dessa felicidade”, finaliza.
Fonte-g1
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