Quando se
trata das cotas raciais, destinadas às pessoas autodeclaradas pretas,
pardas ou indígenas, o índice é mais baixo. Dos entrevistados, 42%
disseram apoiar a medida de inclusão e 12% não apoiam.
Para professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e
pesquisador da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso)
Brasil André Lázaro, não é surpresa que as cotas raciais tenham apoio
menor que as sociais. “É um reflexo de como a sociedade lida com o
racismo, negando-o: ‘não há racismo, então não tem por que ter cotas
raciais?’”, afirma.
A aprovação das duas modalidades de cotas, no entanto, é maior do que
em 2015. No ano passado, 30% das pessoas disseram ser a favor das cotas
sociais, enquanto 23% apoiavam as cotas raciais.
Segundo o
coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Inclusão no
Ensino e na Pesquisa (INCTI) José Jorge de Carvalho, um dos motivos
para o crescimento do apoio às cotas raciais se baseia na informação.
“Uma coisa leva à outra. Os casos concretos de racismo que são colocados
por estudantes, professores, jogadores, incidem no clima de que faz
sentido ter políticas raciais. As pessoas admitem que há um problema de
racismo”, diz.
A comparação entre os resultados dos dois anos também aponta que, nos
dois casos, houve diminuição dos que se declararam “parcialmente
contra”, “nem a favor, nem contra”, ou “parcialmente a favor”.
Segundo Carvalho, isso significa que o significado das cotas está sendo
absorvido pela população. “Na medida em que os anos vão passando, o
significado se enraíza. O Brasil passou de uma exclusão social quase
completa no ensino superior, até pouco tempo as camadas populares não
tinham acesso às universidades importantes. Nesse ponto de vista, houve
uma revolução”, diz.
Para Lázaro, é surpresa a compreensão da necessidade de “instrumentos
de justiça” pela população. “Já há uma uma percepção da sociedade de que
é preciso fazer da educação superior um bem mais democraticamente
distribuído”, diz.
Mais de 70 cidades do país
A pesquisa, feita na primeira semana de maio deste ano, ouviu presencialmente 1.274 pessoas de mais de 70 cidades capitais, do interior, e de regiões metropolitanas de todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.
A pesquisa, feita na primeira semana de maio deste ano, ouviu presencialmente 1.274 pessoas de mais de 70 cidades capitais, do interior, e de regiões metropolitanas de todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.
Quando o resultado cita as regiões do Brasil, o Nordeste lidera com os
maiores índices de aprovação tanto das cotas sociais, quanto das
raciais, enquanto a região Norte tem o maior número de consultados
contrários às políticas.
No caso das medidas para os egressos de instituições públicas, 69% das
pessoas entrevistadas no Nordeste afirmaram ser a favor das cotas,
enquanto 29% do Norte são contra. À respeito das medidas raciais, 52%
dos nordestinos se mostraram favoráveis e 33% dos moradores do Norte se
posicionaram contra.
No recorte de classes sociais, as mais favoráveis aos dois tipos de
cotas são a D e a E, com 46% apoiando as cotas raciais e, 59%, as
sociais. O grupo de classes A e B é o que mais rejeita as cotas,
apresentando 24% de rejeição no primeiro caso e 15% no segundo,
empatando com a classe C.
Nos dois
casos, a faixa etária que mais apoia as cotas é a de 25 a 34 anos. No
caso das cotas raciais, 44% deste grupo aprovam a medida e 57% apoiam as
cotas sociais.
Política de cotas
Em agosto de 2012, o Ministério da Educação (MEC) adotou a política de cotas sociais e raciais no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Em 2013, as universidades federais e institutos tecnológicos destinaram 12,5% das vagas para alunos de escolas públicas e, dentro deste universo, um percentual para estudantes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas. Em 2014, 25%. Em 2015, 37,5%. Em 2016, 50% das vagas serão para cotistas.
Em agosto de 2012, o Ministério da Educação (MEC) adotou a política de cotas sociais e raciais no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Em 2013, as universidades federais e institutos tecnológicos destinaram 12,5% das vagas para alunos de escolas públicas e, dentro deste universo, um percentual para estudantes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas. Em 2014, 25%. Em 2015, 37,5%. Em 2016, 50% das vagas serão para cotistas.
Em maio o MEC estabeleceu, em portaria, prazo de 90 dias para que as
instituições de educação superior apresentem propostas de ações
afirmativas - com inclusões de negros, pardos, indígenas e pessoas com
deficiência - em seus programas de pós-graduação.
Fonte-G1
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