Desde o primeiro dia de 2016 está em vigor a lei brasileira de
acessibilidade, uma espécie de estatuto que muda completamente a forma
da sociedade encarar as pessoas que possuem deficiência. Com a lei, as
instituições de ensino não podem fechar as portas para essas pessoas.
Nicoli Santos tem 7 anos e é deficiente visual. Ela perdeu 100% da
visão aos 2 anos por causa de um câncer. A mãe dela Bianca Santos já fez
uma correria para conseguir uma escola para ela. “Eles colocavam taxas
adicionais, eu tinha que contratar um cuidador para ficar ao lado dela”,
lembra.
Mas finalmente uma escola abriu as portas para Nicoli e hoje ela
frequenta as aulas normalmente e aprende o mesmo conteúdo que as outras
crianças da turma. A única diferença é que ela escreve e lê em braile.
“Eu gosto de trazer brinquedo, de brincar aqui e gosto de vir para
escola”, conta Nicoli.
Segundo o diretor da OAB de Bauru
e membro da comissão de direitos da pessoa com deficiência, Eduardo
Jannone da Silva, as escolas precisam aceitar todos os alunos. “Todas as
escolas estão obrigadas a aparelhar a sua estrutura para que as pessoas
com deficiência possam estudar nessas escolas públicas e privadas. Caso
essas pessoas precisem de auxílio, seja material ou humano, por
exemplo, o amigo qualificado ou o cuidador, a escola vai ter que
providenciar esse suporte humano. O eventual custo com esse profissional
precisa ser diluído entre todos os outros custos da escola”, explica.
Empresas
Além das escolas, as empresas com mais de 100 funcionários também devem
contratar pessoas deficientes. Por causa de uma leve deficiência
mental, o Gabriel Fernandes Nogueira teve a fala comprometida, mas isso
nunca foi problema para ele. O jovem trabalha em uma empresa de
recuperação de crédito há três anos e só está crescendo.
Gabriel começou trabalhando na empresa na portaria, ficou dois anos e
hoje ele está no setor de Recursos Humanos. Ele é responsável pela
triagem dos currículos. A oportunidade do primeiro emprego surgiu porque
a empresa onde o Gabriel trabalha se preocupa com a lei de inclusão.
“Nós fizemos um processo, contatamos a família, entendemos também um
pouco das potencialidades dele e o alocamos na área inicial. Ele é
bastante produtivo, a gente percebe que desta forma ele consegue
encontrar sentido na carreira, no trabalho, se sentir útil de fato e ele
contribui bastante”, explica o coordenadora de RH Luiza Metzner.
Hoje as empresas com mais de 100 funcionários são obrigadas a abrir as
portas aos deficientes. Uma emenda na lei poderia melhorar ainda mais a
situação dessas pessoas que querem trabalhar, mas o projeto que previa a
obrigatoriedade de empresas com menos de 100 funcionários contratarem
pessoas com deficiência foi vetada.
Nas ruas
Mas apesar da lei, muito lugares ainda não oferecem acesso ao
deficiente. Nas ruas de Bauru é fácil encontrar calçadas irregulares. A
rampa de acesso, por exemplo, é de responsabilidade do proprietário do
imóvel, mas nem todos os locais instalam.
Na avenida Duque de Caxias, postes foram encontrados no meio da rampa
de acesso e outras calçadas sem a rampa. Segundo o presidente do
Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Comude),
Washington Rodrigues, qualquer cidadão pode fazer uma reclamação no
Poupatempo sobre o lugar errado.
Em avenida da cidade tem um poste no meio da rampa de acessibilidade (Foto: Reprodução / TV TEM)
Fonte-G1
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