No ano passado, alunos da universidade fizeram manifesto devido casos de estupro na instituição (Foto: Marina Barbosa / G1)
Um trabalho de conclusão de curso (TCC) de uma aluna de Estatística da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está servindo de base para melhoria da segurança no campus da instituição, no Recife.
Com a crescente onda de violência na área, a superintendência de
segurança resolveu aproveitar o projeto da estudante Drielle Carvalho,
27 anos, para distribuir melhor seu efetivo. Para a autora do trabalho,
algo precisava ser feito para minimizar as ocorrências de roubos e
furtos na UFPE.
Ao analisar todos os casos de roubos e furtos no período 2008 e 2015,
Drielle descobriu que a maioria dos delitos ocorre de manhã nos
quadrantes alfa -- que corresponde a área da Reitoria, casas estudantis e
ao Núcleo de Educação Física e Desportos (NEFD) – e gama, onde ficam os
centros de Filosofia e Ciências Humanas, de Educação, de Ciências
Sociais e Aplicadas, além do Lago do Cavouco. O motivo seria a grande
circulação de pessoas e a proximidade com a BR-101.
Drielle [de amarelo] apresentou trabalho no dia 12
de maio (Foto: Drielle Carvalho/Acervo Pessoal)
“Eu cheguei a estagiar na superintendência de segurança e me surpreendi
ao saber que não havia um estudo do tipo. A questão da violência no
campus é uma polêmica muito grande e todos ficam preocupados querendo
saber quais áreas ocorrem mais roubos e furtos e em qual turno. Eu tinha
todos os dados na mão e não tinha porque não usá-los”, destaca Drielle
ao dizer que leu ocorrência por ocorrência desses sete anos analisados.
De acordo com o trabalho, com 45,6% de casos, os quadrantes beta
(Centro de Ciências Exatas e da Natureza e Editora Universitária) -- e
delta (Hospital das Clínicas e Centro de Ciências da Saúde) são as duas
áreas mais perigosas abaixo da alfa e gama.
Drielle apresentou o TCC no dia 12 de maio e foi aprovada com louvor.
Honrada, fica feliz ao saber que poderá ajudar a proteger outros
estudantes como ela. “Estou muito feliz em poder contribuir. Estou
ajudando em alguma coisa. Estou saindo de lá, mas deixando um legado, um
bem. Isso é incrível”, conclui.
Para a universidade, a contribuição veio em boa hora. “É algo muito
importante. Quando você começa a mensurar todos esses problemas, você
começa a conseguir estabelecer um padrão e prever futuros roubos e
furtos no campus. Com o estudo, reorganizamos todos nossos seguranças e
policiais. Acredito que esse manejo vai nos ajudar muito”, comenta o
superintendente de segurança da universidade, Armando Nascimento.
Em 2015,
estudante foi abordada no caminho de volta para casa e acabou estuprada
no terreno baldio que fica em frente à Casa de Estudante Femina (Foto:
Marina Barbosa / G1)
O gestor ainda ressalta que gostaria que todos os Trabalhos de
Conclusão de Curso (TCC) tivessem uma aplicabilidade maior para o bem da
sociedade. “Temos muito que agradecer a essa aluna. Ela nos deu uma
ferramenta que apontou indicadores para melhorar a vida de todos que
circulam por aqui”, completou.
Ao todo, a UFPE conta com 300 seguranças federais, 91 postos de
vigilantes terceirizados e o apoio da Polícia Militar fazendo rondas
dentro e fora do campus. O manejo integra essas três frentes de
segurança.
G1-PE
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