Reginaldo Ferreira de Melo, de 68 anos, recebe o auxílio-doença há 20 anos
Desde que desenvolveu uma hérnia de disco, o vigilante Reginaldo
Ferreira de Melo, de 68 anos, recebe o auxílio-doença. Isso já faz 20
anos. Com a notícia da Medida Provisória 739, que fará um pente-fino
para fiscalizar os benefícios previdenciários, principalmente os que já
são pagos há mais de dois anos, ele está bastante temeroso. “Se
cortarem, não terei mais nada. Minha casa depende desse dinheiro”.
Reginaldo faz parte dos 30.163 segurados que recebem o benefício por
mais de dois anos em Pernambuco. Ao todo, são 55.720. Enquanto isso, o
total de aposentados por invalidez, outro alvo do Governo Federal, chega
a quase 97 mil em todo o Estado.
Para o advogado previdenciário Rômulo Saraiva, o tempo de dois anos é um
motivo questionável para o corte do benefício, assim como a meta de
economizar R$ 6,2 bilhões com a MP, estipulada pelo governo. “Baseado em
quê o governo quer economizar essa quantia derrubando benefícios? Se
ainda será fiscalizado, como se estipula um corte dessa magnitude?”.
Ainda para Saraiva, o fato de o governo oferecer R$ 60 aos peritos
médicos por atendimento realizado acaba sendo um estímulo para que os
profissionais se empenhem em derrubar os benefícios sociais. “O governo
argumenta que está em crise financeira e oferece bonificação para uma
categoria, cujo último reajuste foi de quase 28%”.
Professora de Direito Previdenciário, Maria Lucia Barbosa concorda. “Não
vejo ilegalidade em fiscalização, mas pagar um adicional com
determinado objetivo acaba sendo um estímulo a encontrar qualquer
irregularidade formal. E isso acaba sendo um prejuízo social para as
famílias brasileiras”, argumentou, acrescentando que o governo está
penalizando a população de baixa renda com uma atitude “caça às bruxas”.
Diretora da Associação Nacional dos Médicos Peritos em Pernambuco, Ena
Albuquerque rebate os questionamentos dos especialistas. De acordo com
ela, a meta estipulada pelo Governo Federal é uma projeção baseada na
quantidade de benefícios suspensos nas revisões já existentes. Com
relação aos R$ 60 oferecidos pelo governo, ela justificou que a mão de
obra é insuficiente. “Durante o expediente de 6 horas não dá para
revisarmos benefícios antigos. Então, o que o governo está fazendo nada
mais é do que um incentivo para aqueles profissionais que tiverem
horários vagos e quiserem realizar esse atendimento, pois muitos
profissionais trabalham fora da Previdência”, afirmou.
Fonte-Folha de Pernambuco
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