Infelizmente vivemos em uma sociedade que ainda olha com certa
estranheza para um casal onde um deles tem deficiência. Podem até achar
"bonitinho", mas a verdade é que grande parte pensa "Deus me livre de
um(a) filho(a) meu(a) namorar com um(a) deficiente!".
Parece mentira, mas não é! Isso acontece muito e vários desses casais
acabam não iniciando um relacionamento pelo fato de a família não
aceitar.
Foi o que aconteceu com uma de nossas seguidoras: a família dela a
expulsou de casa por não concordar que ela namorasse com um cadeirante; a
família dele acabou pedindo para ela se fastar... vejam o depoimento:
"...Eu namorava com um cadeirante e no
começo foi escondido por conta dos meus pais. O tempo foi passando e
resolvi contar para eles e imediatamente eles não aceitaram, disseram
coisas horríveis a respeito do meu namorado por ele ser cadeirante...
quiseram me bater... fiquei muito mal e por medo tive que terminar com
ele. Só que eu não consegui esquecer ele, o que eu sinto é realmente
amor, até que decidi enfrentar tudo e assumir meu amor por ele, foi aí
então que meu pai me colocou pra fora de casa e ligou pro meu namorado
ameaçando ele. A mãe dele me pediu pra deixá-lo em paz se eu o amasse de
verdade... infelizmente é o que estou fazendo. Estou sofrendo muito
pois o amo de todo o meu coração. Hoje moro sozinha e não falo com meus
pais, nem com meus irmãos, está sendo um pesadelo..."
O preconceito é um dos piores obstáculos na vida de pessoas com
deficiência. Ele é expressado através de olhares, comentários, pré
julgamentos, e atrapalha muito a vida de qualquer um de nós.
Outra situação que ocorre bastante é quando a família do(a) cadeirante
não permite que ele(a) se relacione por medo de que a(o) parceira(o) lhe
fará sofrer, trairá ou até o machucará, fisicamente, caso se relacionem
sexualmente.
Tudo isso acontece pela superproteção da família, quando ela não aceita a
decisão do(a) cadeirante alegando que ele(a) não sabe o que está
fazendo. Franklin Damacedo também passou por isso e nos conta:
"Em 2014 aconteceu meu acidente e a
namorada daquela época não aceitou o que tinha acontecido e a gente
terminou. Então, a minha ex mulher começou a me visitar e levar nossa
filha pra eu ver e acabamos nos reaproximando. Quando disse que
voltaríamos a namorar, minha família não aceitou e começaram a impedi-la
de vir em nossa casa me ver, eles tinham muito medo de que acontecesse
alguma coisa comigo e que eu sofresse mais... Mas sou teimoso e tiveram
que aceitar, hoje estamos juntos novamente"
O preconceito não pode vencer! Izabele Soeiro é cadeirante e também já
passou por algo semelhante, só que além de ser alvo de preconceito
(devido sua deficiência) ela e o marido passaram por todo tipo de
adversidade já que, por ela, ele renunciou à sua vocação para o
sacerdócio:
"Fui criada com a ideia de que nunca
iria encontrar alguém e que viveria só, porém, o destino me provou o
contrário. Quando conheci o Daniel ele estava se preparando para ser
padre, aos poucos nos aproximamos e nos apaixonamos. Com muito medo e
inseguranças, assumimos o nosso relacionamento o qual foi muito
criticado. Minha família ficou apreensiva mas logo aceitou, já a família
de Daniel não concordou que ele deixasse de ser padre e também não
aceitaram muito bem, por eu ser cadeirante, não acreditavam que pudesse
ser uma boa mulher para ele e que certamente daria "filhos aleijados",
como diziam... Apesar de tudo, nos casamos em 2006 e hoje, mesmo que
ainda escutamos comentários maldosos, somos completamente felizes, temos
2 filhos lindos e somos uma família de verdade!... "
Foto do casamento de Izabele e Daniel.
Para cego ver: Na imagem temos uma cama de casal no lado esquerdo, com
uma decoração de pétalas de rosas vermelhas sobre a cama. Daniel está no
centro da foto segurando Izabele no colo. Ela está vestida de noiva. Os
dois estão sorrindo e abraçados. No canto direito temos uma mesa
redonda, com pétalas de rosas vermelhas e taças de vidro.
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A verdade é que todo esse preconceito acontece porque muitas pessoas
ainda associam a deficiência como sendo uma doença e/ou situação de
invalidade. O que falta para essas pessoas é informação e um pouco mais
de respeito ao próximo. Se todos tivessem a oportunidade de conviver com
uma pessoa com deficiência, com uma mente aberta e sem opiniões
negativas pré formadas por uma sociedade "cabeça dura" (grande maioria),
quebraríamos esse PREconceito e mudaríamos a maneira com que muitos
enxergam a deficiência.
Sabemos que a caminhada não é fácil. Existem pessoas que não aceitam a
situação e nada faz com que mudem de opinião. Mas não podemos desistir
de viver e amar e uma boa maneira de "aumentar a nossa voz" é sair para a
rua, fazer com que os outros nos enxerguem como parte da sociedade e
como seres humanos como qualquer outro... amamos, sim; ficamos triste,
sim; construímos objetivos e vivemos para ser felizes e, com isso, temos
total capacidade de fazer o(a) nosso(a) parceiro(a) feliz também.
Então, não perca tempo!!!
Fonte-Cantinho dos cadeirantes
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