Campanha
para evitar preconceito contra crianças com microcefalia foi lançada
pelo governo de Pernambuco (Foto: Agência Black Nijna)
Bebês com microcefalia vão participar de um mutirão de saúde bucal, no
sábado (13), na Clínica Escola de Odontologia do Centro Universitário
Maurício de Nassau (Uninassau), nas Graças, na Zona Norte do Recife. Essa será a segunda etapa do Projeto Sorriso Especial: Ouro em Saúde Bucal. O atendimento ocorrerá das 8h ao meio-dia.
Participarão do mutirão as 120 crianças atendidas em junho deste ano,
durante a primeira etapa do atendimento. Há dois meses, a equipe da
universidade ofertou exames clínicos, radiográficos, e aplicações
tópicas de flúor.
Agora, as crianças terão a oportunidade de passar por novas avaliações
da cavidade bucal, do crescimento e do desenvolvimento. Estão previstas
também orientações educativas aos responsáveis sobre prevenção de
doenças, além de aplicações tópicas de flúor.
Após essa etapa, os bebês serão acompanhados pelos profissionais com
intervalo de seis meses. O Projeto Sorriso Especial terá participação
de professores odontopediatras e acadêmicos de odontologia.
A coordenadora do projeto da Uninassau, Ana Carolina Falcão, ressalta
que as necessidades bucais são distintas a cada fase do ciclo vital.
Assim, pais e responsáveis também precisam ser orientados, a cada etapa,
sobre cuidados odontológicos específicos, por meio da educação em
saúde.
Histórico
As notificações de casos de microcefalia em Pernambuco começaram há um ano. Agora, as mães de bebês portadores da malformação buscam melhorias na saúde para os filhos.
A União de Mães de Anjos (UMA) começou a coletar as reivindicações de
famílias de todo o estado para levar ao governo de Pernambuco.
De acordo com Germana Soares, presidente da UMA, a lista de problemas
enfrentados pelas mães é extensa. Envolvendo uma rotina de remédios,
vacinas, consultas médicas e benefícios.
Germana declara que o grupo já levou ao governo questionamentos mais
urgentes, como a melhoria do atendimento no interior, que é precário, as
vagas nos hospitais, que são insuficientes, remédios não fornecidos e
vacinas especiais. Ela é mãe de Guilherme, diagnosticado com a
malformação.
De acordo com o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgado no dia 2 de agosto, Pernambuco
soma 376 bebês cuja malformação congênita foi confirmada. São 376
famílias cujas realidades foram completamente alteradas com a chegada
das crianças. Desde 1º de agosto de 2015, foram mais de 2 mil casos de
microcefalia notificados no estado.
O grupo de mães já se reuniu com o secretário de saúde do estado, Iran
Costa, e com o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra. Para o
ministério, a UMA levou considerações sobre o Benefício de Prestação
Continuada (BPC).
Germana informa que 98% das mães que trabalhavam tiveram que sair do
emprego, deixando de ter uma vida estabilizada. Agora, elas têm direito a
um benefício que não é suficiente pra uma mãe que precisa comprar
vários remédios, medicamentos de R$ 300.
Já para a Secretaria de Saúde, a pauta foi a melhoria na assistência
para as crianças. De acordo com a SES, a ideia é manter o contato com as
famílias, para ouvir as mães e entender suas demandas.
A rede solidária de mães é estruturada para auxiliar famílias em todo o
estado, com núcleos no Recife, em Ipojuca, Caruaru, Belo Jardim,
Salgueiro e Arcoverde. Até o fim do ano, a UMA pretende chegar também no
Sertão.
Segundo Germana, o grupo de mães convive dia a dia com as dificuldades,
sem muita estrutura, mas com muita boa vontade. O objetivo não é bater
de frente com o governo, e sim seguir lutando pela qualidade de serviços
de saúde para as crianças.
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que o
governador Paulo Câmara se reuniu três vezes com representantes de
grupos de apoio às crianças com microcefalia e definiu a abertura um
canal de diálogo permanente com essas famílias. A SES disse também que
todos os pontos discutidos estão sendo analisados e debatidos,
inclusive, com técnicos de outras pastas.
Ainda de acordo com a SES, o poder público vem ampliando a rede de
atendimento às mães de bebês com microcefalia. No ano passado, eram duas
instituições de saúde. Hoje, segundo o governo, são 24 e, até o fim de
agosto, mais dois municípios vão contar com serviços voltados para esse
público. A secretaria também negou que houvesse falta de vacina.
Já o Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário esclareceu que o
ministro Osmar Terra participou de uma reunião com a UMA e o governador
Paulo Câmara no dia 27 de julho. Quanto ao valor do Benefício de
Prestação Continuada (BPC), o ministério afirmou que ele é estabelecido
pela Constituição e que, por isso, não seria possível alterá-lo.
Fonte-G1 PE
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