segunda-feira, 23 de outubro de 2017

MODA INCLUSIVA - Conheça a moda pensada para todas as pessoas com deficiência!

Falar de moda inclusiva é entender que a moda hoje não atende uma parcela da população. Você já pensou na dificuldade que é colocar uma prótese na perna com uma calça jeans tradicional? Ou em como deve ser chato não saber a cor da própria camisa que você vai usar? "O mal é a falta de atenção", já diria Alex Castro. A estilista Silvana Louro não precisou passar por nenhuma dessas dificuldades nem ver ninguém da família em tal situação para prestar atenção na necessidade dessas pessoas. "A primeira coisa que me perguntam é se tenho alguém próximo com alguma limitação. Como se precisasse ter para me importar!",diz.

Um novo olhar para a moda inclusiva

Silvana é estilista e um dia se viu saturada do universo moda e buscou em um trabalho voluntário o respiro que precisava dar fora desse universo de modelos, maquiadores, etc. Quando resolveu voltar, aceitou o trabalho de fazer um uniforme para a paraolimpíada. Esse foi seu primeiro passo rumo a moda inclusiva, seu segmento atual e propósito de vida. Ela começou com uma pesquisa com seu público: atletas com deficiência. 


"Fui descobrir quais eram as demandas deles, me enfiei nas associações e fiquei muito isolada nisso. Estava fazendo pós, resolvi desenvolver um projeto de roupas adaptadas, que ficou na gaveta um tempão e eu tive que ir atrás por mim", conta.

"Ninguém ´comprava´ a ideia". A estilista teve de ouvir de seus colegas de profissão que suas roupas eram deprimentes e levou mais de um ano para achar uma modelista que topasse desenvolver as peças "Minha modelagem é 'torta' porque é funcional. E não tem nada de depressivo nisso. Assim como as grávidas tiveram suas roupas adaptadas, o segmento de plus size ganhou espaço pois tinha demanda, nós temos um público que precisa ser ouvido", argumenta.

A marca Equal moda inclusiva nasceu da observação das necessidades das pessoas com deficiência. As peças especiais têm modelagem curva acompanhando o design da cadeira, uma calça especialmente pensada para quem vai ficar o dia todo sentado, para que não fique aquele incômodo montinho de tecido atrás do joelho. O bolso traseiro da calça jeans para o cadeirante além de ser inútil ainda machuca. Mais uma solução para as calças são os zíperes laterais para facilitar a ida ao banheiro ou o colocamento de uma prótese. Para saias e vestidos a bainha foi aumentada. Sabe aquela saia que sempre sobe e temos que ajeitar na hora de sentar? E a blusa que fica emaranhada na região do abdômen? Esses problemas foram resolvidos retirando o excesso de tecido. 

Além de resolver problemas práticos, com as roupas feitas com ajuda de fisioterapeuta considerando as zonas de pressão, Silvana quis resolver problemas estéticos. "Ouvi dos cegos que eles realmente gostariam de saber a cor das roupas que estão usando. Pois às vezes a mulher ou alguém de confiança faz eles saírem com uma roupa que eles não escolheram e eles vão descobrir isso só na rua. Então desenvolvi uma etiqueta externa de silicone com informações em braile. Ficou perfeita", conta animada.


Praticidade sem abrir mão de qualidade e beleza


Trocar botões por velcro nas camisas pode ser uma solução prática, mas pouco estética. Silvana busca sempre aliar as duas coisas. "Troquei os botões por imã. Resolvido, são bonitos e muito baratos. Os tecidos tem que ter garantia de qualidade para durar mesmo com o atrito das rodas da cadeira. Coloquei zíperes de qualidade, esses sim um pouco mais caros, para facilitar o vestir em pessoas que têm dificuldade de esticar os braços", explica. O trabalho tem dado muito resultado, a loja existe há 3 anos vendendo online e já conta com lojas parceiras que revendem.


Mas ela queria mais, ela queria mostrar como é possível fazer moda inclusiva e sem perder em nada no lado estético. Silvana juntou marcas e modelos com deficiência para fazer editoriais de moda profissionais e ganhou um espaço para mostrar esse trabalho em uma revista com 25 mil exemplares que é distribuída gratuitamente. "Vou fazer agora meu quarto editorial. A minha intenção é tirar a pessoa da invisibilidade. Fui ousada, convidei grandes marcas e todo mundo me disse que sim. As pessoas estão receptivas, hoje. Ninguém me falou o que falavam na época. Então coloco minhas roupas adaptadas em modelos lindos, confiantes, junto com peças de marcas incríveis e o trabalho ganha outro valor", diz.

No futuro da moda inclusiva

Silvana não pára de criar nem de sonhar. O próximo passo que ela quer dar rumo a uma moda inclusiva de verdade é no ramo de peças de baixo. Novamente pensando em uma necessidade do dia a dia. Do que adiantam fazer calças que abrem lateralmente para facilitar a ida ao banheiro e não oferecer essa solução para as roupas de baixo? Então calcinhas com abertura lateral são o projeto número um desse sonho futuro. Ela busca pessoas que acreditem na causa e estejam dispostos a investir na ideia. Quem sabe essa pessoa não está lendo essa matéria nesse momento?

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