domingo, 15 de janeiro de 2012

Após perder movimentos, motorista torna-se designer gráfico em MS


Matéria do G1 da GLOBO

José tem doença degenerativa que afeta mobilidade e capacidade de fala.
Designer trabalha com programa que obedece comando dos olhos e boca.

O servidor aposentado José Newton Paz, 49 anos, perdeu a capacidade de fala e dos movimentos no ano passado, em um processo gradativo que começou em 2009, quando foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica, uma doença degenerativa que afeta os neurônios responsáveis pela mobilidade. Residente em Douradina, a 194 km de Campo Grande, Paz tornou-se designer gráfico há cinco meses, graças a um programa de computador que obedece aos comandos dados com os olhos e a boca.

“Nada está acabado, faça de conta que você não tem nada e vá se adaptando, procure uma ocupação e acredite em Deus”, disse Paz, por e-mail, ao G1. Desde que aprendeu o sistema, edita vídeos e faz logotipos para empresas de Douradina e região. "O computador é a distração dele", conta a mulher, a dona de casa Sebastina Paz, 39 anos.

Sebastiana disse que inicialmente o marido ficou transtornado com o diagnóstico dado em outubro de 2009. A família passava ferias em Fortaleza quando ele começou a sentir uma fraqueza nos dedos da mão esquerda e procurou um neurologista na cidade. "O médico disse que o tempo de vida de quem tem essa doença é de dois a cinco anos. Ele perdeu o chão, foi terrível", lembra.

José Paz trabalhava como motorista na prefeitura de Ponta Porã, a 346 km de Campo Grande, e mudou-se para Douradina logo após o diagnóstico da doença e a aposentadoria por invalidez. Em agosto de 2011, assistiu a uma reportagem que mostrava um programa de computador, que por meio de comandos dos olhos e de movimentos da boca, e poderia ajudá-lo na comunicação com a família e na produção dos trabalhos gráficos.

Naquele período, já tinha poucos movimentos das mãos e dificuldades de fala. A filha do aposentado, Fayane Paz, disse que ele pesquisou na internet por três dias, até encontrar o programa citado na reportagem. Quando ainda era motorista, o aposentado já tinha noções de edição, mas como hobby.

Depois de perder a fala e os movimentos da mão que utilizava para escrever, o programa de computador se transformou no único modo de interação de José Paz com a família. Com uma câmera instalada acima do monitor, o programa reconhece o rosto do designer e possibilita a ele escrever, editar vídeos e manipular imagens.

Tratamento
Em agosto de 2010 a família promoveu uma mobilização em Douradina e com a ajuda de amigos e familiares puderam custear um tratamento com células tronco na Alemanha.

Segundo o médico neurologista Marcílio Domingues, a doença é rara e o tratamento é difícil. “A pessoa vai perdendo as forças dos músculos gradativamente. Infelizmente não existe cura, o tratamento proporciona um prolongamento no tempo de vida do paciente e retarda e evulação da doença”, afirma.

A esposa conta ainda que o marido acredita na descoberta da cura e dessa forma todos os amigos e familiares o apoiam. “Por mais difícil que seja ele se apega nisso e continua vivendo”.

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