quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Inclusão social como item da cesta básica brasileira

Do blog Meu filho é deficiente e agora? http://www.meufilhodeficiente.com.br/?p=289

Tenho postado em meu blog alguns relatos de experiências minhas com minha sobrinha Laís, uma criança de dois anos que está cada vez mais ligada no mundo.

O tema que une todos esses relatos é o bem mútuo que essa convivência faz. Ninguém precisou falar para ela que, por vezes, preciso de ajuda em algumas situações cotidianas. Com base na observação, ela foi percebendo essa minha necessidade e, na medida em que se sentia mais segura em poder me ajudar, passou a fazê-lo com prazer. Para ela é tudo uma grande brincadeira e através disso vai aprendendo que tem outras pessoas que precisam de mais atenção e cuidado em atividades que ela, por exemplo, já executa sem qualquer dificuldade.

Fico então pensando no quanto seria proveitoso se as escolas aceitassem mais e mais crianças com deficiências em suas salas de aula e trabalhassem para que as diferenças entre elas fossem conhecidas e assimiladas. É na convivência com o diferente que todos podemos mudar nossos olhares em relação ao outro. Quem não convive com cadeirantes não sabe o que fazer para ajudá-los. Quem não convive com portadores de paralisia cerebral também não. Neste caso, o problema ainda é maior, porque muitas vezes eles são julgados como pessoas com outros déficit, além do motor, e aí são simplesmente ignorados num canto da sala. Sei de famílias que pensam muito antes de colocar seus filhos PCs em escolas comuns, porque sabem que no dia a dia escolar seus filhos não terão a mesma atenção que as crianças normais.

Isso é muito triste. Para que a inclusão seja um item básico na vida de qualquer sociedade é preciso que a convivência entre os diferentes seja cotidiana, permanente. Temos de aprender na prática como conversar com um surdo, como ajudar um PC a se locomover, como compreender quem fala com dificuldade de articular as palavras, como acolher o discurso de um gago, como ajudar um cego a encontrar seu destino e como ajudar um cadeirante a chegar no ambiente desejado quando não existem rampas no local.

O que temos, infelizmente, ainda hoje, são atitudes de desprezo, um virar os olhos e a cara para a realidade, e o pior é que quem faz isso acha que está agindo corretamente. Acha que o problema não é seu e por isso não lhe cabe fazer nada. Mas inclusão é um problema de todos nós. É um dever e um direito (pois todos, um dia, se sentirão excluídos de algum contexto) que precisamos exercer cotidianamente.

Eu continuo apostando na espontaneidade das crianças e achando que é na escola que vamos dar o salto qualitativo em termos da inclusão social. Basta os adultos que lá estão permitirem que isso aconteça.

Sobre Carol quem escreve o blog:Carolina Câmara, psicóloga, tenho 27 anos e meu foco de trabalho é ajudar as pessoas a dissipar dúvidas que cercam a deficiência no mundo. Trabalho como terapeuta, atuando na inclusão de deficientes em atividades sociais. Faço atendimentos online, visando acolher quem necessita de terapia, mas tem dificuldades de mobilidade. Também atendo famílias de portadores de necessidades especiais, com o objetivo de ajudá-las a encarar as diferentes situações da vida cotidiana. Meu conhecimento na área já vem de minha experiência de vida. Diagnosticada com paralisia cerebral aos sete meses de vida, enfrentei com minha família enormes desafios. Sou formada em Psicologia na UNISA, em 2008, faço especialização em Semiótica Psicanalítica, na COGEAE – PUC-SP, desde 2010 e supervisão psicanalítica de cunho winnicottiano, desde 2009, com a psicanalista Suzana Magalhães Maia. A opção por fazer um site partiu da ideia de ampliar o trabalho que venho realizando no blog carolcam.blogspot.com, com outras opções e recursos. Seja bem vindo. Navegue e participe.

Um comentário:

  1. Boa noite!!! muito bom o Artigo, realmente penso que a Educação Básica tem que repensar de que forma estão fazendo as crianças pensarem e crescerem sem preconceito e sabendo agir, tratando com equidade os diferentes, uma coisa interessante também é sobre o racismo, se os pais presenteasse os filhos com uma boneca negra. E a cesta básica precisa de muitos mais itens do que os que são garantidos aos cidadão em seu artigo 6º da CF / 88 Direitos Sociais. abraços

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