segunda-feira, 9 de abril de 2012

Amanhã, ninguém sabe...

... Amanhã, ninguém sabe
No peito de um cantador
Mais um canto sempre cabe
Eu quero cantar o amor
Eu quero cantar o amor
Antes que o amor acabe.
(Trecho da música Amanhã, ninguém sabe de Chico Buarque)

Por Manoela Dantas

Ontem acordei com essa frase na cabeça: “Amanhã ninguém sabe...”. Talvez, porque eu tenha sonhado que estava no meu antigo colégio São Luís, mas já adulta, dançando e comemorando com minha família em uma festa.

Ou porque, logo ao acordar do sonho em que andava, corria e dançava, deparei-me com o e-mail no meu celular de um colega de trabalho e amigo sobre a reportagem do Jornal do Commercio com os novos resultados das pesquisas com células troncos em paraplégicos na Bahia. Essa pesquisa além de inovadora está apresentando bons resultados até o momento, segundo as reportagens que tenho lido.

Paralelo a pesquisa com células tronco que avançam em todo o mundo, o neurocientista brasileiro, Miguel Nicolelis, que instalou e dirige o Instituto Internacional de Neurociências de Natal, na capital do Rio Grande do Norte, pesquisa no campo de fisiologia de órgãos e sistemas, na tentativa de integrar o cérebro humano com máquinas (neuropróteses ou interfaces cérebro-máquina). O objetivo das pesquisas é desenvolver próteses neurais para a reabilitação de pacientes que sofrem de paralisia corporal. Nicolelis e sua equipe foram responsáveis pela descoberta de um sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por meio de sinais cerebrais.

Além das pesquisas de Nicolelis em que as próteses robóticas funcionarão com o comando do cérebro humano, as pesquisas mais simples relativas a exoesqueletos avançam rapidamente e já iniciam a serem testadas em Centros de Reabilitação Física. Os exoesqueletos foram projetados especificamente como um dispositivo de reabilitação para restabelecer a função da marcha em pessoas que sofreram lesão na medula e como fomos estruturados para utilizarmos fortemente a posição “em pé”, a utilização de mecanismos que facilitam e até potencializam a marcha ainda tem a vantagem de melhorar a circulação sanguínea e a digestão dos paraplégicos.

O exoesqueleto controla sensores conectados às pernas robóticas, que são impulsionadas por quatro motores, um para cada parte do quadril e dos joelhos. Já a articulação do tornozelo é controlada por outros dispositivos que mantêm os pés num ângulo exato para que eles possam tocar o solo de acordo com o movimento natural das pernas.

O uso desses aparelhos de reabilitação como o eLEGS e ReWalk são promissores. Ainda assim, é preciso torná-los cada vez mais compactos, para que os seus usuários se movam livremente sem bater em objetos.

Todas as vezes que vejo a imagem dessas super roupas ou exoesqueletos, lembro-me do “Homem de Ferro”, personagem de história em quadrinhos criado pela Marvel Comics, vestindo sua super roupa, que potencializa sua força, e partindo para lutar pelo bem da humanidade e isso me remete a sensação de futuro e esperança.

Pois bem, em curto prazo espera-se que esses exoesqueletos possam substituir as cadeiras de rodas, invenção do século IV A.C, o que pode ajudar a garantir a acessibilidade de deficientes físicos em ambientes pequenos, estreitos, em escadas, declives e aclives, o que pode garantir a melhoria da qualidade de vida a muitas pessoas.

Outra novidade que encantou minha cabeça nos últimos dias foi o lançamento de um equipamento chamado, TEK RMD (Robotic Mobility Device), que possibilita as pessoas com, por exemplo, lesão na medula espinhal a ficarem de pé, “andarem”, fazerem compras, cozinharem e realizarem muitas outras atividades cotidianas que antes eram impossíveis. Esse equipamento já ultrapassou a fase de testes com êxito e promete ser o mais novo instrumento para garantir o aumento da acessibilidade aos lesionados medular.

Outrossim, não me imagino colocando uma roupa fantástica e voando pelo mundo para salvar o planeta, apesar de que confesso a vocês ter sonhado muito em ser a Mulher Maravilha, que apesar de não ser real continua sendo incentivadora de bons sentimentos, boas práticas e boas ações, que ultrapassam a fronteira do ideologismo e do discurso retórico e se inserem na prática real e no exemplo com atitudes firmes e fortes.

Isto posto, a minha busca incessante pelas novas práticas de reabilitação física e dos avanços da ciência nessa área, além de serem importantes para a manutenção da esperança, podem efetivamente serem instrumentos práticos de aumento da qualidade de vida e manutenção da saúde de deficientes físicos que podem e devem continuar utilizando desses meios para uma vida mais saudável e mais feliz.

Ademais, em contrapartida as iniciativas e ao avanço da ciência, devem-se continuar a ter investimentos públicos e privados em pesquisas que podem garantir para muitos não apenas a qualidade de vida e sim a própria vida de milhares de cidadãos que merecem ser feliz.

Não menos difícil do que uma evolução científica, é garantir a popularização desses equipamentos e ferramentas que potencializam a qualidade de vida a deficientes físicos e isso só será possível com pesquisa, desenvolvimento, subsídios públicos e muito amor advindo dos nossos gestores públicos, como também dos grandes empreendedores brasileiros, que tem como meta de suas empresas a Responsabilidade Social e mais do que isso a Responsabilidade pelo Homem.

No mais, findo meu artigo com o pedido de que todos vistam suas antigas fantasias de Super Heróis e sigam pela mundo inspirando sonhos, INSPIRANDO VIDAS.

Por fim, utilizo as palavras de Bertold Brecht sobre os heróis da vida real como desfecho:

" Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis"

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