Deu no blog do cadeirante
Quando a pessoa sofre um acidente e tem
a vida transformada por uma sequela grave que tira os movimentos, e passa a
conviver com uma limitação que necessita uma cadeira de rodas para se
locomover, o baque psicológico geralmente é grande. Para lidar com isso, muita
gente se isola do mundo, fica mal humorado, se revolta e perde a alegria de
viver. E então cria vários monstros em sua cabeça, se acha a pior pessoa do
mundo, acha que todo mundo está contra ela, vê preconceito em tudo e fica
imaginando um monte de coisa ruim.
O caso da Cris Côrrea, de Registro, em
São Paulo, é diferente. Ela também criou vários monstros, mas ao invés de
guardar para si mesma, ela vende! São monstrinhos de pelúcia feitos por ela
mesma, vendidos através da sua empresa, a Maenga Toys, e conta
abaixo sua história.
"Aos 17 sofri um acidente de
carro, onde fraturei uma vértebra e por consequência fiquei paraplégica – e,
desde então, sou cadeirante. Mudou tudo na minha vida a partir do ocorrido.
Tive um período de adaptação, até redescobrir uma maneira de seguir em frente e
continuar a viver como todo mundo, entre qualidades e limitações.
Quando pequena, eu ficava olhando minha
mãe costurar, mas na hora de colocar as mãos na máquina, não dava muito certo.
Bom, se antes eu já não dava conta, depois do acidente nem sequer passava pela
minha cabeça tentar. Até mesmo porque para costurar você usa os pés, o que no
meu caso não iria dar. Então, no início do projeto eu cortava os bonecos e
pedia à minha mãe que costurasse para mim, mas ela tinha as coisas dela pra
fazer e minhas coisas acabavam ficando de lado. Foi também nesse período que
conheci a toy art pela internet e fiquei louca, apaixonada! Era exatamente a
forma que eu precisava para expressar minhas idéias, tinha – e tem – tudo a ver
comigo: o gosto pelo bizarro, diferente, incomum sempre fez parte da minha
personalidade. Logo, a idéia de poder criar algo que expressa isso me cativou.
Foi quando comecei a criar ‘monstrinhos’.
O principal canal de divulgação do meu
trabalho sempre foi, e ainda é, a internet. Pela facilidade de acesso e por
atingir qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo.
A dica pra quem gosta de costura é,
primeiro, não ter preguiça de desmanchar costura. Depois, não desistir e
insistir sempre, porque perdendo o medo de arriscar você acerta, mesmo que não
seja de primeira, uma hora de tanto insistir dá certo. O importante é não parar
de tentar. Já para os fãs de toy art, a dica é acreditar na criatividade e
investir na originalidade. Não existe arte que não encontre seus admiradores,
pois beleza depende do ponto de vista.”
Esse é um belo exemplo de pegar um
problema e transformar em oportunidade, além de gerar uma ocupação e fonte de
renda. Como diz o ditado, "se a vida te der limões, pegue açúcar, gelo e
pinga, e faça uma bela caipirinha!"
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