“Mais um Enem este ano e recebo caminhões de mensagens
sobre pessoas com deficiência denunciando a falta de acessibilidade na prova.
Até quando o MEC vai cometer tal descaso? Onde está o CONADE, a SDH ou o MPF? A
cada ano a situação se repete. É um desrespeito”, reclama Alex Garcia, que tem
deficiência visual e auditiva.
O IBDD já impetrou nos últimos anos algumas ações
vitoriosas na Justiça contra instituições do Governo organizadoras de concursos
públicos, assim como contra autarquias responsáveis pela aplicação das provas,
por não disponibilizarem, por exemplo, pessoas devidamente capacitadas para
lerem e transcreverem as avaliações. “A maior dificuldade é a falta de preparo
dos colaboradores para o auxílio à pessoa com deficiência nessas atividades.
Seja porque não conseguem ler corretamente o texto escrito, seja porque
desconhecem o assunto tratado nas questões”, explica a advogada Priscila
Selares.
“Apesar da insistência do INEP em afirmar que o ENEM é
acessível, no último exame foram encontradas, nas 180 questões que compuseram
as provas, por volta de 100 eneagramas entre figuras, gráficos, desenhos.
Alguns desses, praticamente impossíveis de serem descritos. Isso é acessibilidade?”
questiona a consultora e pesquisadora em Acessibilidade Digital e Tecnologia
Assistiva, Lucinda Leria.
Uma das principais reivindicações é a automatização
eletrônica da prova com o uso de computadores, disponibilizando recursos de
tecnologia assistiva como ampliadores de telas, leitores de tela, mouse virtual
e mouse adaptado, que permitam a eliminação das barreiras digitais e garantam a
autonomia de pessoas com diversos tipos de deficiência. O uso da tecnologia assistiva pode permitir,
por exemplo, ao candidato escrever sua redação silenciosamente e revisar seu
texto com autonomia.
Para Lucinda Leria, as instituições organizadoras do
concurso, apesar de pequenos avanços na eliminação de barreiras de acesso em
locais de prova, ainda precisam percorrer um longo caminho. “As pessoas com
deficiência, particularmente as que necessitam de recursos digitais, ainda não
têm igualdade de condições em relação aos demais candidatos, convivendo com uma
situação de injustiça, impotência e exclusão”, analisa.
professor Antonio Borges- Instituto Brasileiro dos
Direitos da Pessoa com Deficiência
Fonte-OVERBR
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