Uma campanha intensa de vacinação contra a poliomielite
está sendo feita na Síria e em seis outros países do Oriente Médio para
imunizar 20 milhões de crianças, anunciaram hoje, na capital da Suiça, duas
agências das Nações Unidas (ONU). Segundo um comunicado conjunto da Organização
Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef),
cerca de 650 mil crianças já foram vacinadas na Síria, das quais 116 mil na
região de Deir al Zour, onde foi registrado muitos casos da doença em crianças.
A OMS confirmou, em 29 de outubro, dez casos de
poliomielite em crianças sírias no nordeste do país. “Este vírus chegou por
terra, o que significa que não se encontra apenas nesta região da Síria, mas em
uma vasta extensão do território”, informou o vice diretor-geral da OMS para a
poliomielite, Bruce Aylward.
“Sabemos que um vírus da pólio, oriundo do Paquistão, foi
encontrado num esgoto do Cairo em dezembro. O mesmo vírus foi encontrado, em abril,
em Israel, bem como na Cisjordânia e em Gaza. Trata-se de um risco para todo o
Oriente Médio”, acrescentou.
A Síria, em guerra civil desde março de 2011, não
registrava casos de poliomielite desde 1999. Entretanto, dois médicos alemães
advertiram para o risco de registro de casos da doença na Europa e nos países
vizinhos da Síria, em artigo publicado hoje (8) na revista médica britânica
Lancet.
Os médicos Martin Eichner, da Universidade de Tubingen, e
Stefan Brockmann, do Gabinete de Saúde Pública Regional de Reutlingen,
alertaram que os casos detetados na Síria podem pôr em perigo os países
vizinhos já que o vírus se transmite por meio dos refugiados que fogem da
guerra civil.
Segundo os especialistas, tendo em conta que uma em cada
200 pessoas infetadas desenvolve paralisia, poderá levar até um ano para que
seja detectado um surto de poliomielite nas regiões vizinhas da Síria porque se
trata de uma “transmissão silenciosa”. Nesse período, de acordo com os médicos,
muitas pessoas poderiam ser infetadas.
Os especialistas explicam que a maioria dos países
europeus utiliza a vacina por meio de injeção de polivírus inativos em vez da
vacina oral. Em alguns casos, a vacina oral pode causar paralisia flácida
aguda, o principal sintoma da doença.
No entanto, advertem que embora a primeira seja mais
eficaz para a prevenção da doença, não proporciona o mesmo nível de proteção
contra o vírus do que a dose oral. A poliomielite é uma doença altamente
contagiosa que afeta, sobretudo, as crianças com menos de cinco anos. Ela pode
levar à paralisia em algumas horas e a doença é mortal em alguns casos.
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Fonte: Agência Brasil
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