Do blog-Cantinho dos Cadeirantes
Em uma sala de espera qualquer, uma senhora me observa intrigada. Mesmo
percebendo, mantenho-me atenta ao ritmo alucinante dos meus pensamentos
desconexos, afinal alguém tem que colocar ordem nessa bagunça chamada
"mente". Ao seu lado estava meu pai com os olhos voltados ao jornal do
dia, atualizando-se sobre as últimas do seu amado galão da massa.
Sorridente, ela o aborda perguntando se sou sua filha e admirada com
minha postura que segundo ela "parece que já andou na vida".
Após
conversar com ele, a essa altura já tínhamos trocado olhares e
sorrisos, eis que ela me chama com a máxima "você sabia que Deus pode te
curar? Pois para ele nada é impossível".
Acredito em Deus, sou
cristã, não pertenço a nenhuma igreja ou corrente espiritual, mas
honestamente acho esse tipo de abordagem pra lá de abusiva. Entendo as
razões da senhorinha e a respondi educadamente, porém fiquei cá com
minhas rodas tentando encontrar as razões daquela fala.
Será que
ela (e tantos outros que fazem o mesmo) acham que cadeirantes são pobres
seres esquecidos do poder de Deus? A gente deixa de acreditar no Senhor
e "ploft" vai pra cadeira amargar sua pouca fé. Se for ateu então vai
ficar todo desengonçado até aparecer alguém santo e benevolente pra
lembrar-te que há esperança ao que crê.
Seria muito mais
interessante conversar comigo pra conhecer minha história de vida,
entender o que penso e se, somente se, estiver precisando de um apoio
espiritual aí sim me falar do que acredita e tal. É difícil acreditar,
contudo liberdade de crença não é privilégio dos "sadios".
Nem
todo cadeirante é infeliz. Tem muita gente por aí que consegue lidar com
suas agruras numa boa, sem reservas e sem Deus. Aliás, se Ele concedeu o
livre arbítrio porquê não aceitar isso?
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