quarta-feira, 29 de abril de 2015

'Enxergo a beleza pelos sons', afirma jovem cego que toca 7 instrumentos

DO G1-Alana Fonseca



Luan Fadel, de 13 anos, mora em Guarapuava e não enxerga desde bebê.
Ele pratica esportes, interage na internet e pretende cursar direito.

Dos primeiros dias de vida até hoje, aos 13 anos, Luan Fadel dá exemplos de superação. Cego, o adolescente de Guarapuava, na região central do Paraná, toca sete instrumentos musicais. No piano, sua paixão desde criança, ele vai de Ballade pour Adeline a Avicii. Luan também canta, inclusive em inglês. “Enxergo a beleza através dos sons”, explica.
O adolescente tem quase todos os instrumentos que toca: piano, violão, guitarra, gaita, teclado e bateria. Só falta a gaita de fole. Ele conta que aprendeu a gostar de música com o pai. “Temos em casa três pianos: dois de madeira e um elétrico”, conta. De acordo com Luan, os sons variam de um para outro. O piano preferido é o de madeira que fica em um quartinho no quintal.


Sem tempo

Apesar de passar boa parte do dia se dedicando à música, ele também gosta de fazer outras atividades.
Ele luta judô, faz natação e ainda anda de bicicleta. Para ele, o esporte é tão importante quanto a música.
O adolescente lamenta não poder jogar futebol com os amigos, mas diz que se contenta em ouvir narrações de partidas pelo rádio.
“Os narradores nos transmitem uma emoção enorme. No rádio, a gente ouve detalhes que a televisão não dá. É como se eu enxergasse por 90 minutos”, explica.
Para a televisão, Luan conta que não dá muita atenção. Quanto a filmes, o adolescente garante que se esforça. “Só não tem condição os filmes do Charlie Chaplin!”, brinca. Mas ele ainda prefere os vídeos do Youtube.

Como qualquer adolescente, Luan passa horas na internet. Ele decorou todas as teclas do celular e do computador. A agilidade é tanta que a voz que sai dos aparelhos - e que deveria guia-lo - chega a se perder. Sem contar que, mesmo sem enxergar, ele consegue tirar fotos quase perfeitas das pessoas.
 Quase todos os dias da semana, ele vai à Associação dos Pais Amigos Deficiente Visual (Apadevi). Lá, ele se dedica ao artesanato, ao teatro, tem reforço escolar e também aprende como realizar atividades do dia a dia sozinho, como arrumar uma cama. Luan frequenta o local desde os sete meses de idade.
"Nós, cegos, sempre damos um jeito de fazer as coisas. A minha deficiência não me impede de fazer quase nada", garante. Dirigir é a única atividade que ele lista como impossível. "Mas meu pai sempre diz que, se eu quiser, posso ser piloto de avião porque no céu não tem no que bater", relata.




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