Um braço robótico de baixo custo e que funciona a partir de comando
cerebral foi criado por Vítor Hazin, de 22 anos, estudante de Engenharia
Mecânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O protótipo
custou menos de R$ 2 mil, enquanto as próteses robóticas para membro
superior que existem no mercado chegam a custar R$ 200 mil segundo
especialistas.
A ideia surgiu durante o intercâmbio que Vítor fez na Inglaterra. "Fiz
um módulo de mestrado lá, onde eu tive que controlar um jogo de tetris
com o piscar dos olhos. Foi quando eu conheci o eletroencefalograma e me
interessei bastante", explica o estudante, que começou a pesquisar e
trabalhar a ideia.
Muitas próteses no mercado funcionam por meio do reconhecimento da
musculatura e a ideia de Vítor foi aproveitar o eletroencefalograma para
ativar a prótese. "O computador filtra o sinal e faz o processamento
final em tempo real. Quando detecta o comando, o computador é que manda o
sinal para o braço robótico", detalha.
O projeto ainda passa por aperfeiçoamentos, mas o processo de patente
da tecnologia já foi iniciado. O estudante busca ainda uma forma de
substituir o computador como tradutor dos comandos captados pelo
eletroencefalograma. "Ainda tem muita coisa para chegar ao mercado.
Comprei a impressora 3D para fazer um braço que tenha mais força e seja
mais útil, preciso melhorar a interação ainda", exemplifica Vítor.
Ao demonstrar o funcionamento, Vítor consegue beber um copo de água e
até mesmo comer uma batata frita. Tudo interpretado a partir do cérebro.
"Nada disso fazia parte do meu estudo lá. Eu fiz esse módulo de piscar
os olhos, mas como gostei bastante do equipamento, fiz o trabalho por
mim mesmo. Fiz os projetos de iniciação cientifica em paralelo. Fiz isso
sem orientação, mas sempre que tinha duvida, mandava e-mail ao
professor", conta o estudante.
Esperança
Para o médico especialista em ortopedia oncológica Marcelo Souza, o
avanço proposto pelo aluno da UFPE é "inestimável". "As próteses de
membros superiores, braços de uma forma geral, são muito mais custosas,
muito mais refinadas. Próteses mioelétricas, inteligentes, onde o
paciente pode mandar um comando neuronal e aquilo, transmitido para os
músculos, que por sua vez mande para o controle da prótese, chegam a
custar R$ 200 mil. Não é uma coisa de fácil acesso", afirma Souza.
Com os acidentes de trânsito e guerras em todo o mundo, próteses que
sejam mais que um prolongamento da amputação são essenciais. "A
quantidade de pessoas amputadas é muito grande. Não apenas o prejuízo
que isso causa ao estado como um todo, mas a demanda das pessoas é
enorme por próteses que dão uma função melhor a ela", explica o médico.
Trabalhando no Hospital de Câncer de Pernambuco, Souza ressalta que a
ideia de uma prótese funcional é de extrema importância. "Isso
representa um passo incrível no desenvolvimento da ciência brasileira.
No serviço do Hospital de Câncer, nós precisamos demais de baratear o
custo de algo tão importante para as pessoas que são amputadas", avalia.
Fonte-G1 PE
VEJA VÍDEO
Nenhum comentário:
Postar um comentário