(Foto: Aldo Carneiro/ Pernambuco Press)
A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margareth Chan,
realizou visita, na manhã desta quarta-feira (24), ao Instituto Materno
Infantil de Pernambuco
(Imip) para acompanhar de perto as ações desenvolvidas no combate às
doenças causadas pelo Aedes aegypti (dengue, chikungunya e o vírus da
zika), e no tratamento dos casos de microcefalia.
A sanitarista chegou à unidade com 40 minutos de atraso e comandou uma
miniconferência no local para exposição de dados sobre o tema.
Acompanhada pela diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas),
Carissa Etienne, Chan visitou ambulatório e sala de reabilitação. [Veja vídeo acima]
Em uma conferência tumultuada, acompanhada por jornalista de vários
países, Chan falou em inglês, sem tradutor. Disse que estava em
Pernambuco para aprender sobre o problema. "É preciso aprofundar o
estudo da relação da zika com a microcefalia. A zika é mistério. Ainda
estamos tentando obter respostas. Precisamos comparar padrões. O Brasil
tem pessoas competentes. Não tenho medo do mosquito. O trabalho tem sido
excelente. Não é fácil. Faço um apelo à mídia: vamos trabalhar juntos",
declarou.
Minutos depois, a diretora-geral da OMS também fez uma apresentação com
tradução. Nesse momento, disse que gostaria de mandar três mensagens.
Elogiou o trabalho realizado no Imip, falou da importância da
transparência de dados no Brasil e afirmou que o governo agiu com
coragem.
"Não é fácil combater o problema, mas a gente pode. A cada dois anos há
um ciclo de doenças ligadas ao mosquito. Vamos contar com a população e
reduzir a população do Aedes aegypti. Se o Brasil se mobilizar, irá
causar uma mobilização nos outros países da América Latina", ponderou.
A sanitarista ainda mandou mensagem para as mães com recém-nascidos
vítimas da microcefalia. "Temos que pensar nas famílias. Vamos enfrentar
este drama por muitos anos. Temos que entender como ajudar essas
pessoas", encerrou.
Integrante da comitiva da diretora da OMS, o ministro da Saúde, Marcelo
Castro, ressaltou a expectativa de que as vacinas desenvolvidas no
Brasil fiquem prontas o mais breve possível. A estimativa é de que em
três anos a do vírus da zika fique pronta e em dois a da dengue.
Castro destacou que é preciso engajamento de todos. "Há cidades que
acabaram com o mosquito com uma ação conjunta entre governo e a
população. Jaguaribe, no Ceará, é um exemplo. Se lá conseguiram, os
outros municípios também podem", salientou.
Microcefalia
Pernambuco é o estado com maior número de notificações de microcefalia.
Segundo o último boletim divulgado na terça-feira pelo Ministério da
Saúde, o estado conta com 1.601 notificações de suspeita, das quais 209 estão confirmadas e 1.188 continuam sob investigação.
O Recife
tem 42 casos de microcefalia confirmados e 272 sob suspeita. Em 2016,
segundo a Prefeitura do Recife, 313 mil imóveis foram vistoriados na
cidade, em busca de focos de mosquito. O índice de infestação de Aedes
na capital caiu. Em janeiro deste ano, chegou a 1.1%, menor índice dos
últimos dez anos. Antes era de 3.8%, em novembro.
Na chegada da comitiva ao Imip, no início da manhã, o secretário
estadual de Saúde, Iran Costa, falou do alto custo que o estado terá
para intensificar as ações de combate à microcefalia em Pernambuco.
Segundo ele, os gastos este ano deverão se aproximar dos R$ 30 milhões.
Iran Costa acrescentou, ainda, que quatro novos núcleos de referência
para o tratamento e atendimento aos bebês com microcefalia deverão ser
inaugurados nos próximos dias nas cidades de Palmares, Goiana e
Limoeiro, na Zona da Mata, e em Ouricuri, no Sertão.
Chan chegou na última terça-feira (23) ao país. Em visita a Brasília, a
diretora-geral da OMS afirmou que o governo brasileiro tem sido
transparente no combate ao Aedes aegypti – transmissor da dengue, febre
amarela, chikungunya e vírus da zika (relacionado à microcefalia). Ela
também elogiou o "empenho e liderança" da presidente Dilma Rousseff (PT)
e as políticas de saúde pública do governo.
“Esse governo tem sido muito transparente em compartilhar informações
com a OMS. Assim, a OMS também pode compartilhar todas as informações
sobre zika com o resto do mundo”, afirmou a diretora. Ela definiu o
Aedes como um mosquito “teimoso” e “tenaz”. “O mosquito é difícil, mas
não irá vencer o Brasil.”, disse durante entrevista na capital federal.
Do Recife, a médica viajou para o Rio de Janeiro. Na agenda, uma visita
à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), um dos mais conceituados centros de
pesquisa do país, que comanda uma série de estudos e o desenvolvimento
de tecnologias de combate ao Aedes. No final da visita, Chan e a
diretora da Opas, Carissa Ettiene, concedem entrevista coletiva na
capital fluminense.
Chan foi eleita diretora-geral da OMS após ter sido diretora de saúde
em Hong Kong. Em seu primeiro mandato se destacou pelo combate à
desnutrição na Ásia e pressão contra problemas sanitários em regimes
fechados, como a Coreia do Norte.
Em seu segundo mandato, iniciado em 2012, porém, a OMS sofreu muitas
críticas pela demora na reação contra a epidemia de ebola no Oeste da
África. Uma reação adequada à epidemia de zika hoje é considerada
essencial para a OMS recuperar a credibilidade diante de países em desenvolvimento
(Foto: Aldo Carneiro/ Pernambuco Press)
Quadro
Em 2016, até o dia 13 de fevereiro, foram notificados 2.720 casos de
arboviroses (dengue, chikungunya e zika) em Pernambuco. Destes, 1.195
casos de dengue, 908 casos de chikungunya e 617 de zika. Dentre as
notificações, foram confirmados 612 casos, 459 de dengue e 153 de
chikungunya. Para o mesmo período de 2015, foram notificados 2.865 casos
de arboviroses, representando uma redução de 5,1% de casos. Em todo o
ano de 2015, foram notificados 35.032 casos de arboviroses, sendo 33.070
de dengue, 1.573 de chikungunya e 389 de zika.
Cooperação
Durante a visita ao Imip, na manhã desta quarta-feira, o ministro da
Saúde, Marcelo Castro, e o presidente da instituição, Gilliat Falbo,
assinaram um termo de cooperação técnica. A ideia é capacitar
profissionais de saúde responsáveis pelo acompanhamento de casos de
microcefalia associados ao zika vírus. Ainda nesta quarta-feira, o
Ministério da Saúde promete fornecer mais informações sobre esse acordo.
Foto-G1 PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário