O Ministério da Saúde do Japão anunciou nesta sexta-feira
a autorização para os primeiros testes clínicos utilizando células-tronco
pluripotentes induzidas (iPSCs). É a primeira vez em todo o mundo que esse tipo
de estudo é liberado em seres humanos.
As iPSCs são criadas a partir de células adultas comuns,
e reprogramadas geneticamente para atingir um estado semelhante ao das
células-tronco embrionárias. A partir de apenas quatro alterações em seu DNA,
elas se tornam capazes de se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo
humano.
Os testes liberados pelo governo japonês têm como
objetivo tratar pacientes com degeneração macular, uma doença que normalmente
atinge pessoas com mais de 55 anos, deteriorando sua retina e podendo levar à
cegueira. Os pesquisadores japoneses propõem usar iPSCs para cultivar novas
células da retina desses pacientes — livres dos danos causados pela doença — e
implantá-las de volta em seus olhos.
No ano passado, o pesquisador japonês Shinya Yamanaka e o
britânico John Gurdon receberam o Prêmio Nobel de Medicina por terem concebido
o método que permite reprogramar células adultas para transformá-las em iPSCs,
um procedimento que foi considerado chave para dar início à medicina
regenerativa. A técnica, no entanto, ficou restrita aos laboratórios. Até
agora, as únicas pesquisas realizadas em seres humanos haviam utilizado
células-tronco embrionárias, que são menos versáteis e enfrentam forte oposição
de grupos religiosos.
Com o anúncio do governo japonês, os pesquisadores podem
ter dado um passo decisivo para a aplicação clínica das iPSCs. “As
células-tronco pluripotentes induzidas surgiram em 2006. É incrível que tão
pouco tempo depois, elas já estejam prontas para serem testadas em humanos.
Isso mostra o quão rápido essa área está se desenvolvendo”, diz Lygia da Veiga
Pereira, geneticista e diretora do Laboratório Nacional de Células-Tronco
Embrionárias da USP.
(Com Agência France-Presse)
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