Casos de violência recentes no futebol tornaram o termo
'organizada' quase sinônimo de confusão. Mas um grupo de torcedores do Grêmio,
aproveitando as boas condições da Arena, tenta mudar o quadro. Eles criaram a
TAAG [Torcida Acessível da Arena do Grêmio], e superam as dificuldades de
locomoção pelo amor ao Tricolor.
A iniciativa surgiu na data de apresentação do projeto da
Arena, em 2011. E tomou corpo na inauguração do novo estádio, em 8 de dezembro
do ano passado.
"Em 23 de março se apresentou o projeto de
acessibilidade da Arena. Mas queríamos ver se tudo sairia do papel. Fomos à
inauguração, éramos 15 cadeirantes. Quando vimos a rampa pensamos: não vamos
conseguir subir. Mas logo veio um orientador e ajudou cada um de nós. Subimos a
rampa, pegamos elevador, e no corredor fizemos um teste. Coube 15 cadeirantes
lado a lado e mais 10 pessoas mais ou menos. Olhamos a visão do campo, não
sabíamos se ríamos, chorávamos ou saíamos correndo. Sair correndo não dava
(risos). Chegamos a conclusão que era necessário fazer uma torcida, chamar mais
gente, mostrar que havia um espaço para nós no estádio", disse o presidente
da TAAG, Osório Martins, ao UOL Esporte.
A Arena do Grêmio foi toda projetada para receber
portadores de necessidades especiais. O estádio é 100% acessível. Há
elevadores, corredores, banheiros específicos, indicações, espaços previamente
determinados. Tudo para acomodar tais aficionados.
A iniciativa de Osório e os demais membros da TAAG
partiu, também, de outras duas torcidas organizadas nos mesmos moldes. A
DeFiel, do Corinthians, e a Eficigalo, do Atlético-MG, mantém a ideia dos
gremistas. A inclusão de todos é a meta.
"Nossa ideia é incluir todos que têm alguma
deficiência em um local que quem não tem nada disso também frequenta. O esporte
é fundamental. Sendo divulgado desta forma, um empresário no Paraná, por
exemplo, vai imaginar que se há esta mobilização, é necessário que o estádio do
time dele também seja acessível, a loja dele, e assim por diante. Querendo ou
não, influenciamos muita gente", afirmou Osório.
A TAAG tem página no Facebook [com mais de 1.100
curtidas], perfil no Twitter [com 323 seguidores] e blog [com acessos
registrados de mais de 12 países]. Para fazer parte deste grupo ou apoiar de
alguma forma basta acessar as redes sociais. E os objetivos para 2014 são
audaciosos.
"Queremos audiodescrição dos jogos para cegos,
escalação no telão em libras [Linguagem Brasileira de Sinais] para surdos.
Estamos trabalhando nisso", afirmou o presidente, que concorre a uma vaga
no Conselho Deliberativo do Grêmio para defender tal bandeira.
A partir do ano que vem, também, a TAAG passará a
cadastrar seus torcedores. Mas não haverá cobrança de mensalidade. "Falta
só o clube nos reconhecer como organizada oficialmente. Estamos
esperando", reclama. Com os aficionados devidamente cadastrados, será
possível ampliar algo que já ocorre: o desconto de 50% em ingressos para
cadeirantes e acompanhantes.
"Estamos fazendo nossa parte para que todos tomem
conhecimento da importância de ações como essa. O Grêmio é nossa grande paixão,
sendo cadeirante, ou não", concluiu.
Fonte-UOL
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