Estudante de 27 anos concluirá curso de história em
dezembro, na UEG.
Sem coordenação motora, ela digita com a ponta do nariz,
em Goianésia.
Uma jovem de 27 anos é exemplo de superação em Goianésia,
a 198 quilômetros de Goiânia. Lívia Barbosa Cruz tem paralisia cerebral e está
se formando em história na Universidade Estadual de Goiás. A jovem, que mexe
apenas com a cabeça e fala com dificuldade, concluirá o curso no próximo mês e
já se prepara para conquistar novos objetivos: "Quero publicar um livro
que estou escrevendo e fazer uma pós-graduação".
Lívia teve paralisia cerebral ao nascer e não desenvolveu
a coordenação motora. Sem dominar as mãos, ela precisou encontrar outra forma
de escrever a monografia e o livro: digitar com a ponta do nariz e o queixo. O
irmão Jeferson Barbosa Cruz, de 22 anos, ensinou o básico sobre o computador e
ela, sozinha, aprendeu a mexer no Twitter e Facebook. A estudante gosta de usar
as redes sociais para se comunicar com os amigos e com os primos que moram em
outras cidades.
Em entrevista ao G1, pelo Facebook, a jovem conta que
chegar até o fim do curso não foi fácil. Além de ter os movimentos do corpo
limitados, também sofreu preconceito. "Tive problemas, mas venci e hoje
estou muito feliz", comemora a estudante que escolheu a inclusão no ensino
superior como tema para a monografia.
Professora do curso de história, Edilze de Fátima Faria
elogia a aluna. "A deficiência física não afeta a inteligência dela. Ela é
muito esforçada. Ela mora longe da universidade e vem todos os dias em uma
cadeira [de rodas]. É um exemplo de vida", diz.
"Viciada em livros", como a própria Lívia diz,
ela agora está escrevendo o seu próprio romance. A jovem adianta que o trabalho
está em fase de conclusão e contará a história de amores platônicos. Segundo
ela, a obra é baseada em fatos reais, tanto de casos que ela tomou conhecimento
quanto dela mesma. "Quem nunca amou em segredo?", questiona.
Apoio
Para realizar o sonho de fazer um curso superior, Lívia
contou com a ajuda de algumas pessoas. O apoio principal vem da mãe, Cleones
Barbosa dos Santos, de 43 anos, que desde 2009 leva a filha todos os dias para
a universidade.
De segunda a sexta-feira, Cleones anda cerca de três
quilômetros a pé, no caminho de ida e volta para a UEG, empurrando a cadeira de
rodas da filha. Enquanto Lívia assiste aula, ela espera do lado de fora. Para
passar o tempo, faz bordados e crochê. Para a mãe, todo o esforço valeu a pena:
"Eu não tenho palavras para dizer o que sinto. Ela conseguiu mostrar o
valor dela".
Cleones conta que ficou grávida de Lívia aos 16 anos e
parou de estudar no terceiro ano do ensino fundamental. Mas, ao ajudar a filha,
acabou aprendendo e hoje até se expressa melhor. "Ele sempre gostou de ler
e se interessou pelos estudos. Às vezes eu copiava a tarefa para ela e fui
aprendendo. Tenho formação em ser mãe", diz. A filha retribui a dedicação
da mãe: "Sem ela seria impossível chegar onde estou hoje".
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