Fã de praia e carnaval, cadeirante quer ser musa do
topless no Rio
Natache Iamayá foi convidada para fazer ensaio sensual.
No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, ela
fala de preconceito.
Cristina Boeckel Do G1 Rio
Foto:
Divulgação/ToplessinRio)
Natache Iamayá não é o tipo de pessoa que se dobra às
dificuldades. Aos 32 anos, a carioca convive com os efeitos da ataxia de
Friedreich, uma doença neurodegenerativa que afeta os nervos e alguns órgãos.
Mas isso não a impede de fazer nada do que tem vontade, mesmo com as limitações
impostas pelo corpo. Cadeirante, ela é candidata ao concurso Nova Musa do
Toplessaço — cujas inscrições terminam no próximo dia 15 — e foi a primeira a
se inscrever para a competição. Uma lição para este 3 dezembro, Dia
Internacional das Pessoas com Deficiência.
Com a participação no evento, a jovem pretende mostrar
que os deficientes não devem ser tratados com piedade e são capazes de muito
mais do que as pessoas costumam imaginar. “Eu malho e uso todos os aparelhos.
Eu faço natação, eu vou à praia. Gosto de dormir na casa de amigas. Eu viajo e
faço tudo. Coisas que as pessoas acham que eu não consigo”, disse ao G1.
A independência de Natache chamou a atenção fotógrafo e
artista plástico austríaco Alan Smithee e da organizadora do concurso, Ana
Paula Nogueira. Ambos se ofereceram para fazer um ensaio sensual com Natache,
que foi produzido na última sexta-feira (28), na Praia da Macumba, na Zona
Oeste do Rio. "Curti 'super', mas fiquei com vergonha. Já tinha feito
outros ensaios, outros trabalhos, mas nunca sensual", disse Natache.
"Eu achei que ela precisava de um olhar mais
artístico e contatei alguns fotógrafos com quem eu trabalhei e achei que o
Alan, que faz fotos ligadas a artes plásticas, teria o olhar que eu
queria", explicou Ana.
Frequentadora das areias do Recreio
Fã de praia, ela costuma frequentar a orla do Recreio dos
Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, bairro em que mora. Lá, ela bate ponto todo
fim de semana. Definido como “o lugar que mais ama no mundo”, ela foge do
perfil contemplativo. “Eu costumo ficar na areia e, quando tem alguém para
entrar comigo, eu vou para o mar”.
Natache também costuma frequentar o calçadão durante a
semana, para encontrar os amigos nos quiosques e jogar conversa fora.
Filha de uma família com mais três irmãos, Natache foi
obrigada a trancar o curso de direito há cinco anos por causa dos efeitos da
doença, para tratar da saúde. “Era uma época que eu tinha muita dificuldade de
andar sozinha. Foi quando comecei a andar de cadeira de rodas. Parei porque
estava difícil conciliar. A doença traz uma debilidade de energia”.
A relação com os pais é boa, segundo ela, apesar da
dificuldade em acompanhar o ritmo de Natache: ela gosta de ir para a rua, eles
são mais caseiros.
Paixão pelo carnaval
Os cuidados com a saúde incluem uma rotina de muitas
atividades para estimular o corpo: musculação, pilates, estimulação russa,
tratamento fonoaudiológico e psicológico. Os encontros com um psicólogo
acontecem somente há um mês, para ajudar a sair de um estado depressivo. “Eu
acho que estou bem hoje, porque eu fiquei mal por um tempo. Eu ainda me sinto
mal em alguns momentos. A análise é para cuidar da autoestima e do emocional
mesmo”.
Com uma vida social agitada, Natache gosta de se divertir
com os amigos em festas e não tem medo de aglomeração. “Eu adoro carnaval. Eu
gosto de tudo que é festa. E as pessoas acham um absurdo ir em lugares com
aglomeração. Mas eu sempre conto com os meus amigos e a minha família. Eu não
seria ninguém sem eles”.
Perguntada sobre a vida afetiva, a candidata afirma que
tem alguns relacionamentos. “Tenho namorados, mas nada sério. Estou à procura.
A vida está aí para ser vivida. Afinal de contas, por que não?”
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